SAVE THE CHILDREN REFORÇA CAPACIDADE DE GESTÃO DE RISCOS DE CALAMIDADES NA COMUNIDADE DE BANHEL, EM GAZA
Devido à sua localização geográfica, Gaza é uma província altamente exposta a riscos de desastres, com destaque para cheias e ciclones, principalmente nos distritos banhados pelo rio Limpopo. No ano de 2000, a província foi abrangida por um fenômeno de cheias que afectou principalmente os distritos de Chókwe, Guijá, Chibuto e Xai-Xai, sendo estes os distritos mais propensos a este tipo de fenómeno natural, dada a sua localização em relação ao rio Limpopo. Segundo o Insttuto Nacional de Gestão de Calamidades (NGC), nessa altura o nível de preparação e prontidão das comunidades para gestão de riscos de desastres era bastante fraco, tendo o desastre resultado em danos avultados, tanto materiais como humanos. Com a criação dos CLGRC em 2006, as comunidades foram doptadas de mecanismos de gestão de riscos de calamidades, especialmente sistemas de aviso prévio, com vista a assegurar algum nível de prontidão e capacidade de resposta a situações de desastres. De acordo com as análises do INGC em relação às cheias de 2013 que assolaram novamente a província de Gaza, com maior intensidade e volume de água comparativamente às cheias do ano 2000, o nível de danos materiais e humanos reduziu bastante, em parte como resultado da prestação dos CLGRC a nível das comunidades, que permitiu que avisos prévios fossem transmitidos à população e medidas de gestão de riscos fossem levadas a cabo atempadamente.
O Cenário antes da intervenção do projecto ECHO
Num processo liderado pelo INGC da província de Gaza, no ano de 2013, foi criado na comunidade de Banhel um CLGRC composto por 15 membros, que beneficiou de uma capacitação em matérias de gestão de riscos de calamidades, para além de um kit de prontidão e uma sessão de simulação para o risco de cheias. Questionados sobre a sua situação antes da intervenção da Save The Children, os membros do comité revelam que encontravam-se numa situação de fragilidade uma vez que algum tempo já passava depois da última capacitação, para alémde que o Kit de prontidão em seu poder estava incompleto e com alguns itens obsoletos, o que reduziu a capacidade do comité de responder a possíveis calamidades, para além de afectar no engajamento dos membros e aumentar a susceptibilidade da comunidade em sofrer danos humanos e materiais.
“Depois de termos sido treinados, fomos chamados para alguns seminários, mas ficamos algum tempo sem receber refrescamento. Por outro lado, o nosso Kit já estava incompleto e alguns equipamentos já tinham se estragado devido ao tempo. Agora que fomos revitalizados por este projecto da Save The Children, nos sentimos mais fortes e prontos para ajudar a comunidade em caso de desastre, pois fomos treinados e recebemos um novo Kit de prontidão”. (Rosalina Mabunda, membro do CLGRC de Banhel, 18 de Setembro 2018).
A intervenção do projecto ECHO
A Save the Children está a implementar um Projecto de Fortalecimento de Sistemas de Preparação para Respostas a Emergências financiado pela Comissão Europeia de Ajuda Humanitária e Proteção Civil (ECHO), nos distritos de Chibuto, Guijá e Chókwè – Província de Gaza, cujo objectivo principal é fortalecer os sistemas de prontidão e aviso prévio para permitir acções efectivas de respostas à emergências. O objectivo específico é reforçar a capacidade das comunidades de responder as emergências através da capacitação dos comités locais de gestão de riscos de calamidades bem como comités escolares através da integração da redução de riscos de desastres na escola. A comunidade de Banhel faz parte das comunidades consideradas mais expostas ao risco de ocorrência de cheias devido à sua localização em relação ao rio Limpopo, pelo que foi uma das comunidades mapeadas para intervenção projecto.
Em Fevereiro de 2018, a Save The Children através do projecto ECHO na comunidade de Banhel, revitalizou e capacitou o CLGRC nas componentes de mapeamento de ameaças, elaboração de mapas de recursos, elaboração de planos de acção e uso da plataforma de envio de informações pós desastres, DataWinner com vista a melhorar os conhecimentos dos membros em relação a gestão de riscos de calamidades.
Como forma de aumentar a capacidade de resposta do comité, o projecto adquiriu e alocou ao comitê um Kit de prontidão composto pelos itens recomendados pelo INGC.
Ademais, com vista a testar a capacidade do Comité para responder às emergências bem como melhorar os aspectos fracos, foi realizado um exercício de simulação na comunidade, em parceria com o INCG, onde juntaram-se cerca de 25 famílias da comunidade que foram treinadas para conduzir o exercício de simulação.
A Mudança
De acordo com os membros do comité, os exercícios de capacitação e simulação permitiram aumentar o conhecimento bem como melhorar a capacidade de implementar sistemas de aviso prévio e medidas de resposta a calamidades. Por outro lado, a alocação do Kit de prontidão constituiu um grande reforço à capacidade de resposta à calamidades visto que grande parte dos itens que fazem parte do Kit existente encontram-se obsoletos.
“Os trabalhos de treinamento e simulação foram muito importantes para nós, pois voltamos a aprender muitas coisas sobre o trabalho dos comités. Também foi importante porque ensinaram-nos a saber para onde levar as pessoas (vitimas) bem como saber dar prioridade aos mais vulneráveis no momento de salvação”. (Sergio Timbe, membro do CLGRC de Banhel, 18 de Setembro 2018)
“A comunidade de Banhel conhece-nos muito bem, sabe da nossa responsabilidade e sente-se segura por contar connosco para as situações de calamidades. Actualmente, mesmo quando ocorre mau tempo sem o comité ter avisado, os membros da comunidade questionam porque não transmitimos os avisos.” (Helena Chambale, coordenadora do CLGRC de Banhel, 18 de Setembro 2018)
Questionados alguns membros da comunidade em relação ao seu sentimento relativamente a revitalização do comité, estes revelaram que se sentem bastante satisfeitos e de certa forma confortáveis em poder contar com o trabalho do comité em situações de calamidades.
“Nós como membros da comunidade conhecemos o comité e sentimo-nos seguros porque eles é que nos avisam quando está para acontecer algum desastre como cheias, tempestades etc... Desde que eles começaram a trabalhar nunca tivemos danos elevados em casos de desastres porque somos avisados antes” (Maria Chindlhote, membro da comunidade de Banhel)