Dia da Criança Africana: Até 2050, 40% de todas as crianças do mundo terão nascido em África
É tido como o berço da humanidade. É um continente histórico. É considerando o segundo mais populoso do mundo, no entanto, o que mais regista nascimentos. É por estas crianças que o 16 de Junho terá sempre um significado na história do continente. Projecções do relatório da UNICEF ‘Geração 2030/África’ indicam que até 2050, 40% de todas as crianças do mundo terão nascido em África, sendo que a população menor de cinco anos aumentará de 179 milhões em 2015 para 271 milhões em 2050 e a sua população infantil (menor de 18) de 547 milhões em 2015 para 1 bilhão em meados do século.
Numa leitura mais ingénua, estas projecções podem parecer apenas números, mas uma interpretação mais aprofundada vai revelar-nos que afinal 1.1 mil milhão de crianças menores de 18 anos viverão em África até 2100, representando 47% da população mundial de criança da época. É um número animador para quem se interesse apenase em ver África no topo de um ranking mundial, mas preocupante quando nos chega a consciência de que tais nascimentos implicarão mais investimento nos sectores da educação, saúde, segurança, energia, alimentação, transporte, etc em todos os países.
Um relatório produzido pela Human Rights Watch, a propósito do Dia da Criança Africana que se assinala hoje, apela à necessidade de os governos do continente garantirem o direito à educação de todos os jovens, sem qualquer tipo de discriminação. África tem um dos maiores índices de gravidezes na adolescência do mundo, pelo que o documento sugere que os governos aprovem, com urgência, legislações e políticas para garantir que as escolas permitam e apoiem as raparigas grávidas para que se mantenham na escola, afinal, a educação constitui uma arma fundamental na redução das projecções acima expostas.
No contexto moçambicano, conforme referencia o académico Brazão Mazula, num relatório sobre o futuro das crianças em Moçambique, devido à exploração dos recursos minerais, cidadãos de várias nacionalidades vêm e estabelecem relações com o país e deste relacionamento nascem crianças. É importante garantir, por exemplo, que elas sejam registadas, para que nenhuma fique fora do sistema de ensino. Uma das questões preocupantes também mencionadas no relatório está relacionada à justiça de menores. Muitas das crianças acabam recebendo o mesmo tratamento dado aos adultos, pelo facto de Moçambique não ter tribunais especializados para julgar casos de crianças em conflito com a lei.
Para fazer frente a estes cenários, as ONGs são chamadas a intensificar as suas acções afinal, são elas que actuam precisamente onde estão as comunidades mais desfavorecidas, têm uma relação mais directa com a população. A Save the Children não é disso excepção.
Neste Dia da Criança Africana, gostava de encorajar a todos os colaboradores da organização a comprometerem-se com a causa da criança nas mais diversificadas áreas de actuação: criar condições para que elas estejam mais informadas sobre os seus direitos, tenham espaço para expor, de forma voluntária e genuína as suas opiniões e aspirações. Só assim serão verdadeiramente homenageadas as milhares de crianças negras massacradas em 1976 no Soweto, África do Sul, quando protestavam contra a discriminação no ensino.
A todas as crianças africanas, em especial as moçambicanas, e de forma particular aos filhos dos colaboradores da Save the Children desejo um Feliz dia da Criança Africana.
O Director-geral